O TEMPO COM TEMPO PARA PENSAR

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Quando o tempo é bom para refletir eu sempre quero começar com a filosofia helênica; o que me remete, desta vez, a um curto verso do célebre poeta Eurípedes: “O tempo dirá tudo à posteridade; mesmo que nada lhe seja perguntado”. Sim, um dia será assim por ali, naquelas terras acolá; onde tantas águas ainda passarão tranquilamente sob a ponte, e onde há, também, acreditem, quem que não se fazem parcelas, mas não se bastam; querem mais (ou menos); vão além e amiúdam-se, ainda mais, ante um submundo tacanho e inservível; ou, quem sabe, servindo sim, em última análise, de mal exemplo; o que os fazem, enfim, ter uma razão compreensível e bisonha de ser e/ou existir. Que fazer? “Você nunca vai chegar ao seu destino se parar e atirar pedras em cada cão que late”, muito bem disse o ex-primeiro ministro inglês Winston Churchill. Mas nem todos estão surdos, nem todas as bocas estão mudas, nem todos os olhos estão míopes. Não vai muito longe aquele tempo; duros tempos de vidas imersas

NOCAUTE TÉCNICO NO RINGUE DA BAND

A rede bandeirantes de televisão realizou na noite de ontem, 08 de outubro de 2006 o primeiro debate sobre a eleição presidencial em seu segundo turno. Depois de ter passado o tempo inteiro fugindo dos debates, e alardeando vitória no primeiro turno, o que como vimos não vingou, a presença do atual Presidente da República nesse debate de ontem cercou-se de grande expectativa pelo país inteiro.

- Menos arrogante, o que, afinal, vai responder o Presidente a tantas indagações do povo brasileiro?

Passado o duelo, não tenho como esconder minha profunda decepção, que certamente compartilho com milhões de brasileiros, ao assistir o primeiro mandatário da nação perdido, vacilante e evasivo. O país que foi dormir ontem, hoje despertou indubitavelmente questionando-se como uma nação gigantesca, como a nossa, permitiu-se por quase quatro anos até aqui, ser envolvida, lograda e ludibriada.

Temos assistido por todos os meios de comunicação há mais de um ano o desenrolar do maior rosário de denúncias e escândalos de corrupção envolvendo o primeiro time do governo federal. A República arregalou os olhos diante da fileira de ministros envolvidos, investigados e indiciados pela Suprema Corte de Justiça do país, como responsáveis pela formação de uma criminosa quadrilha dirigida a partir do próprio Palácio do Planalto, há poucos metros da cadeira do Presidente da República.

Ontem, o chefe maior da nação diante de milhões de pessoas admitiu que até da sala de sua casa, as vezes não sabe o que se passa na cozinha, por isso não sabia do esquema montado no país. “O que é isso companheiro?” Pode o Brasil novamente colocar o seu destino nas mãos de alguém tão "distraído" assim? Pode um povo que luta bravamente por sobrevivência e dignidade confiar o dinheiro público a alguém que não se apercebe da instituição de um ralo operando ao seu redor?

Quase um mês depois de assessores do governo e dirigentes do Partido dos Trabalhadores serem presos pela Polícia Federal com quase dois milhões de reais para financiar manobras ilegais e imorais na campanha eleitoral em São Paulo, o país ainda espera uma resposta sobre a origem de tanto dinheiro. Acossado ontem pelo seu adversário o Presidente da República desconversou e pediu ainda mais tempo para responder. Remeti-me naquele instante ao episódio do caseiro Francenildo; um piauiense de origem humilde que trabalhava em Brasília para ganhar a vida com dignidade e resolveu falar a verdade. Para ele não foi preciso mais que apenas alguns minutos para o seu sigilo bancário ser quebrado e sua vida devassada.

Depois do embate televisivo de ontem formei meu próprio juízo sobre quem venceu; afinal as dúvidas e a insegurança permanecem com tantas perguntas que ficaram sem respostas. Mas não parei por aí, naveguei pelos principais jornais do país em busca das opiniões dos leitores brasileiros. Entre 15.081 leitores de O GLOBO, do Rio de Janeiro, 58,26% não gostaram, não aprovaram o desempenho de Lula no debate e consideraram Alckmin vencedor. Já entre 16.827 leitores participantes da enquête da Folha de São Paulo, este percentual subiu para 63,2%. E para os leitores da REVISTA VEJA, perguntados se acreditam ou não na vitória de Geraldo Alckmin, 65,01 % disseram que sim.

Foram pouco mais de duas horas de enfrentamento ideológico e investigativo, mas ao final tive a sensação da continuidade; não entre os dois candidatos, mas entre as pessoas pelas ruas, praças, avenidas e lares espalhados pelo Brasil inteiro, agora mais informadas e inteiradas sobre quem tem a melhor postura, quem fala com maior conhecimento e, sobretudo, quem foge das questões fundamentais.

Perguntado hoje por amigos sobre a minha avaliação, não tive dúvidas em responder, no ringue da Rede Bandeirantes tivemos claramente um nocaute técnico.(escrito em 09.10.2006).

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