O TEMPO COM TEMPO PARA PENSAR

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Quando o tempo é bom para refletir eu sempre quero começar com a filosofia helênica; o que me remete, desta vez, a um curto verso do célebre poeta Eurípedes: “O tempo dirá tudo à posteridade; mesmo que nada lhe seja perguntado”. Sim, um dia será assim por ali, naquelas terras acolá; onde tantas águas ainda passarão tranquilamente sob a ponte, e onde há, também, acreditem, quem que não se fazem parcelas, mas não se bastam; querem mais (ou menos); vão além e amiúdam-se, ainda mais, ante um submundo tacanho e inservível; ou, quem sabe, servindo sim, em última análise, de mal exemplo; o que os fazem, enfim, ter uma razão compreensível e bisonha de ser e/ou existir. Que fazer? “Você nunca vai chegar ao seu destino se parar e atirar pedras em cada cão que late”, muito bem disse o ex-primeiro ministro inglês Winston Churchill. Mas nem todos estão surdos, nem todas as bocas estão mudas, nem todos os olhos estão míopes. Não vai muito longe aquele tempo; duros tempos de vidas imersas

A EDUCAÇÃO NA MARCA DO PÊNALTI

Quando assumi, em Janeiro de 1997, o cargo público de Secretário Municipal da Educação de Piracuruca, tinha como única certeza o enfrentamento de um dos maiores desafios da minha vida; responsabilidade que cessaria dali a quatro anos. Quis a história que o destino alongasse essa estada e, ali fiquei por mais quatro. Em dezembro de 2004 estava cumprido um curto “pontificado” em se tratando de educação, mas longo na vida de um professor que por quase uma década serviu como gerente de um sistema educacional.

As lembranças dessa travessia remetem-me a recordações de inúmeras batalhas travadas com muito mais coragem que munição para enfrentar os inimigos, muito mais vontade de vencer que as possibilidades. Obras físicas, adoção de novas posturas, quebra de paradigmas seculares, e novas práticas, até hoje testemunham o que foi o alicerce e o soerguimento das paredes dessa construção.

Dois anos e meio depois da retirada, por mais que eu tenha buscado, e mesmo podendo enumerar saldos positivos, jamais pude prestar contas clara e objetivamente do que contou eu ter estado sentado por tanto tempo numa cadeira que traz pra si tantas responsabilidades. Sob o fogo cerrado das ilações e das críticas, lembrei-me e portei-me como um garimpeiro que na sua peneira, além das pepitas soterradas, também acolhe a lama e o cascalho, dos quais ele bem sabe desvencilhar-se e guardar para si as esmeraldas. Mas nem isto foi suficiente para instrumentar o balanço geral. Faltava alguma coisa!

Este ano o INEP - Instituto Nacional de Estudo e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, órgão ligado ao Ministério da Educação, divulgou o IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de todos os municípios brasileiros com base em pesquisa realizada no ano de 2005. Eis que encontrei os gráficos, os demonstrativos, o último anexo que faltava para compor a minha peça de prestação de contas.

Os dados levantados são originários do ano seguinte ao período que ocupei o cargo, conclui-se que os números encontrados são frutos do trabalho de todos que durante, pelo menos, os últimos oito anos anteriores estiveram nas trincheiras dessa guerra. É uma luz para revelar os rostos, uma radiografia de quem suou a camisa. Bons ou ruins os números do IDEB refletem inquestionavelmente o que fizeram homens e mulheres, que em sala da aula a voz rouca não calou enquanto o último momento não veio.

Aponta o INEP que a média da qualidade do ensino básico no Brasil tem uma média de 3,8. O Piauí aparece com a marca de 2,6; e a cidade de Piracuruca com 3,6 tem o terceiro melhor índice do estado. O IDEB mostra que o desempenho do nosso município está bem acima da média do estado e correspondente à média nacional.

Fecha-se, assim, o último capítulo desta história. Nunca me faltaram razões para acreditar que o tiro atingiu o alvo várias vezes. Mas quando se ocupa um cargo público não basta saber o bem que se fez, é preciso romper os véus e dizer até onde o trabalho correspondeu à confiança depositada, e quão seguros são os parâmetros que sustentam o que se afirma.

Amanhã, quando perguntarem por esse período administrativo, digam que ao seu final a qualidade da educação municipal de Piracuruca foi a terceira melhor do estado e que o seu índice de desenvolvimento não ficou abaixo da médica nacional, segundo o Ministério da Educação do Brasil.

Ao final desse jogo, fica a observação de um dos jogadores desse time que por oito anos fez a bola rolar: “se perdemos, resistimos ao tempo regulamentar, fomos pra prorrogação, e levamos a decisão para a cobrança de pênaltis”. (Escrito em 23.07.2007).

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