Terminou hoje, 15 de julho na Rússia,
a 21ª copa do mundo de futebol e a seleção francesa sagrou-se, pela segunda vez,
campeã mundial merecidamente. A primeira copa do mundo foi realizada no Uruguai
em 1930 e teve os anfitriões do evento como vencedores; daí para cá o maior
espetáculo do futebol mundial repete-se a cada quatro anos, a exceção de 1942 e
1946, período em que o mundo viveu os horrores da segunda grande guerra
mundial.
É fato que as copas não são
apenas disputas esportivas divididas em partidas que atualmente envolvem países
dos cinco continentes do globo, e sim, um evento que revela comportamentos e molda
transformações porque vem passando o planeta ao longo da sua história enquanto
civilização.
Em 2018 a grande mensagem que se
passou para o mundo, além do incontestável reflexo da globalização das
economias mundiais no futebol, foi a dramática questão dos imigrantes ilegais que
sofrem discriminação na Europa e outros continentes por onde se espalham em
busca refúgio e tentam recomeçar suas vidas escapando de perseguições, misérias
e catástrofes de toda sorte.
Atualmente, essa gama de
escorraçados chegam, em sua maioria, de nações asiáticas devastadas por guerras
civis e conflitos étnicos; a exemplo da Síria, que se depara com um dos maiores
banhos de sangue de sua história. Pela proximidade geográfica e os bons padrões
de qualidade de vida, a Europa tem sido o destino mais comum destes imigrantes
ilegais, e neste contexto, a Alemanha é o país que mais recebe imigrantes,
seguida pela França, Itália, Inglaterra e Grécia.
Não há nesses países, certamente,
uma estrutura econômica e social suficiente para amparar tanta gente, e daí
cresce a xenofobia. Há, obviamente, uma boa dose de razão nas reclamações
destas e outras nações onde diariamente desembarcam milhares de pessoas sem
rumo e sem horizontes. Por outro lado, fechar os olhos para o sofrimento e o
desespero humano e achar que nada está acontecendo, é frio, cruel, desumano.
O Brasil não faz parte deste
bloco de países mais procurados pela imigração dada a grande distância geográfica
e por não ter uma qualidade de vida assim tão boa e atraente; contudo, recebe
em menor escala, por exemplo, pessoas que nos dias de hoje tentam escapar da
vizinha Venezuela, que sofre com um regime político trucidante, que impõe a miséria
e o sofrimento a milhares de pessoas. Mas comparado ao resto do mundo o nosso
país está entre os que mais oferecem dificuldades para a entrada de imigrantes.
A copa do mundo na Rússia chamou
a atenção para este dilema mundial. Poucas seleções não tinham no seu time um,
dois, três ou mais atletas com origem na imigração. A França, campeã mundial,
conquistou a glória com a força e o talento de craques que não nasceram em solo
francês ou nasceram filhos de refugiados que em terras distantes, longe de suas
pátrias originárias, encontraram a oportunidade de continuar suas vidas longe
de algum horror.
Se a copa do mundo não é apenas jogos e grandes
lances de futebol, esta de 2018 chamou claramente a atenção para a sensibilidade
humana, e deu uma grande lição de tolerância, respeito e diversidade. Entre os
campeões do mundo de 2018 misturam-se olhos azuis europeus e peles negras
africanas. O grande gol deste mundial foi mostrar ao mundo que a tolerância e a
solidariedade são capazes de reunir sabedoria suficiente para que se entenda
que, no fundo, somos todos do mesmo planeta, somos todos iguais.
Belíssimo texto.
ResponderExcluirObrigado pela visita ao nosso blog, fico feliz que tenha gostado do texto.
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