O TEMPO COM TEMPO PARA PENSAR

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Quando o tempo é bom para refletir eu sempre quero começar com a filosofia helênica; o que me remete, desta vez, a um curto verso do célebre poeta Eurípedes: “O tempo dirá tudo à posteridade; mesmo que nada lhe seja perguntado”. Sim, um dia será assim por ali, naquelas terras acolá; onde tantas águas ainda passarão tranquilamente sob a ponte, e onde há, também, acreditem, quem que não se fazem parcelas, mas não se bastam; querem mais (ou menos); vão além e amiúdam-se, ainda mais, ante um submundo tacanho e inservível; ou, quem sabe, servindo sim, em última análise, de mal exemplo; o que os fazem, enfim, ter uma razão compreensível e bisonha de ser e/ou existir. Que fazer? “Você nunca vai chegar ao seu destino se parar e atirar pedras em cada cão que late”, muito bem disse o ex-primeiro ministro inglês Winston Churchill. Mas nem todos estão surdos, nem todas as bocas estão mudas, nem todos os olhos estão míopes. Não vai muito longe aquele tempo; duros tempos de vidas imersas

A COPA DO MUNDO DOS IMIGRANTES CAMPEÕES

Terminou hoje, 15 de julho na Rússia, a 21ª copa do mundo de futebol e a seleção francesa sagrou-se, pela segunda vez, campeã mundial merecidamente. A primeira copa do mundo foi realizada no Uruguai em 1930 e teve os anfitriões do evento como vencedores; daí para cá o maior espetáculo do futebol mundial repete-se a cada quatro anos, a exceção de 1942 e 1946, período em que o mundo viveu os horrores da segunda grande guerra mundial.

É fato que as copas não são apenas disputas esportivas divididas em partidas que atualmente envolvem países dos cinco continentes do globo, e sim, um evento que revela comportamentos e molda transformações porque vem passando o planeta ao longo da sua história enquanto civilização.

Em 2018 a grande mensagem que se passou para o mundo, além do incontestável reflexo da globalização das economias mundiais no futebol, foi a dramática questão dos imigrantes ilegais que sofrem discriminação na Europa e outros continentes por onde se espalham em busca refúgio e tentam recomeçar suas vidas escapando de perseguições, misérias e catástrofes de toda sorte.

Atualmente, essa gama de escorraçados chegam, em sua maioria, de nações asiáticas devastadas por guerras civis e conflitos étnicos; a exemplo da Síria, que se depara com um dos maiores banhos de sangue de sua história. Pela proximidade geográfica e os bons padrões de qualidade de vida, a Europa tem sido o destino mais comum destes imigrantes ilegais, e neste contexto, a Alemanha é o país que mais recebe imigrantes, seguida pela França, Itália, Inglaterra e Grécia.

Não há nesses países, certamente, uma estrutura econômica e social suficiente para amparar tanta gente, e daí cresce a xenofobia. Há, obviamente, uma boa dose de razão nas reclamações destas e outras nações onde diariamente desembarcam milhares de pessoas sem rumo e sem horizontes. Por outro lado, fechar os olhos para o sofrimento e o desespero humano e achar que nada está acontecendo, é frio, cruel, desumano.

O Brasil não faz parte deste bloco de países mais procurados pela imigração dada a grande distância geográfica e por não ter uma qualidade de vida assim tão boa e atraente; contudo, recebe em menor escala, por exemplo, pessoas que nos dias de hoje tentam escapar da vizinha Venezuela, que sofre com um regime político trucidante, que impõe a miséria e o sofrimento a milhares de pessoas. Mas comparado ao resto do mundo o nosso país está entre os que mais oferecem dificuldades para a entrada de imigrantes.

A copa do mundo na Rússia chamou a atenção para este dilema mundial. Poucas seleções não tinham no seu time um, dois, três ou mais atletas com origem na imigração. A França, campeã mundial, conquistou a glória com a força e o talento de craques que não nasceram em solo francês ou nasceram filhos de refugiados que em terras distantes, longe de suas pátrias originárias, encontraram a oportunidade de continuar suas vidas longe de algum horror.

Se a copa do mundo não é apenas jogos e grandes lances de futebol, esta de 2018 chamou claramente a atenção para a sensibilidade humana, e deu uma grande lição de tolerância, respeito e diversidade. Entre os campeões do mundo de 2018 misturam-se olhos azuis europeus e peles negras africanas. O grande gol deste mundial foi mostrar ao mundo que a tolerância e a solidariedade são capazes de reunir sabedoria suficiente para que se entenda que, no fundo, somos todos do mesmo planeta, somos todos iguais.

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