Na madrugada deste sábado, 17/11/2018, o Centro Integrado do Ensino Fundamental, escola da rede municipal de ensino em Piracuruca-PI, foi invadido por um ou por um grupo de criminosos, que atearam fogo e destruíram 05 (cinco) ônibus escolares. Nas primeiras horas da manhã, as pessoas atônitas custavam acreditar, mas as labaredas consumindo e retorcendo o aço dos veículos e a coluna de fumaça negra visível a longa distância no céu, não deixavam mais dúvidas.
Como qualificar uma atrocidade dessa magnitude? Não foi apenas um crime, não é apenas triste ou lamentável; é revoltante, inaceitável, inconcebível, repugnante. Atentar contra uma escola é ferir a honra, a origem, a história e a dignidade de um povo. Incendiar ônibus escolares é quebrar as pernas da escola, é roubar o direito de um futuro de milhares de crianças e adolescentes. É um momento delicadíssimo, uma situação gravíssima que desafia todos os poderes constituídos a agirem conjuntamente e implacavelmente; investigando, identificando, julgando e punindo exemplarmente.
Bem escreveu hoje o professor Iran Machado em suas redes sociais sobre este ataque incendiário:
“Queimar ônibus escolares não é um crime apenas... é o desapego total à ética, à decência, à esperança, ao futuro de uma nação.
Queimar ônibus escolares é mostrar para o mundo que nossa sociedade tá esperneando na lama do fundo poço. Queimar ônibus escolares é um dos últimos passos para a barbárie, para o fim social.
Queimar ônibus escolares é a prova incontestável que nossa estrada humana tá sem rumo, que erramos e que teremos que recomeçar... e com sorte, daqui há algumas décadas, poderemos retomar a esperança de um futuro promissor”.
As lições costumam ser duras sempre, mas essa de hoje, contudo, pareceu-me em dose máxima ao falar-nos do desprezo e do desrespeito destes filhos da libertinagem produzidos nos últimos tempos; ao escancarar o menosprezo ético e moral, deixando instituições seculares, como a escola, a deriva; numa luta inglória contra uma tétrica indústria de marginalidade.
Não queria convencer-me, mas diante de um atentado terrorista sem precedentes como esse, inclino-me em acreditar que temos que endurecer, que realmente passa da hora de tratar toda essa anarquia com pulso firme e sem afagos à delinquência. Este país, realmente, precisa de quem tome suas rédeas de outra forma. O que se viu nesta madrugada extrapolou os limites do que se convenciona chamar vandalismo; e imaginar os autores desse atentado assim, é um ledo engano.
Sem pistas, até este momento, que levem aos autores desse ataque, faz pairar o espectro do risco da impunidade e do esquecimento no hiato do tempo, que em qualquer circunstância é um incentivo a outros delitos e o triunfo desse submundo. Fica uma fortíssima incerteza; ora porque sabemos que faltam leis com penas mais duras, ora porque casos semelhantes costumam ser banalizados absurdamente por uma revoltante menoridade, que nada mais serve que formar uma malfadada academia de malfeitores. Quiçá não sejam estas a regras desse caso!
Estamos, com absoluta certeza, diante de um enorme desafio e reerguer-se é preciso. Ainda que não seja fácil, é preciso acreditar no poder das nossas instituições frente ao caos. Cada um de nós professores, com nosso trabalho comprometido, mostramos nossa força para contribuir na transformação deste país numa nação segura, pacífica e justa, que hoje vive sob o signo da violência e do medo. Mas, citando o cantor e compositor Milton Nascimento, concluo: “nós não vamos nos dispersar”.
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