Amigos, a razão maior desta
noite é a oportunidade de estarmos juntos. Eu acredito no encontro de almas, de
algo que transcende a matéria e nos toca de uma forma mais profunda, mais
intensa, mais verdadeira. O filósofo francês Voltaire afirmava: “Amizade é uma comunhão de almas.”
Para mim é assim que as amizades são construídas. São sementes plantadas, que
nascem e se erguem e se tornam aquilo que temos de mais valioso na vida, e que tantos
esquecem de lembrar da riqueza que é ter um amigo.
Eu quis esta reunião
já tem algum tempo, e por outro bocado de tempo ela foi adiada por um motivo ou
por outro. Quis que fosse em setembro deste ano por ocasião do meu aniversário,
mas um infortúnio de força maior impediu que acontecesse naquela data, e hoje
estamos aqui. De todas as metáforas para a vida, dizer que é uma jornada, a mim
parece a mais pertinente, então eis-me aqui como um caminhante. Nesta noite
quero externar, contar para os amigos que aqui estão sobre o meu carinho, o meu
apreço, o meu respeito, a minha admiração, o prazer de poder olhar para cada um
e chamá-los de amigos.
Alguns serão citados
nestas minhas palavras. Não poderia mencionar todos pelas razões óbvias de
tempo e enfado; contudo, isso não quer medir qualquer ordem de importância. Por
uma razão ou por outra, em um momento ou em outro, numa lágrima ou num sorriso,
em um tempo mais distante ou a poucos meses passados, cada um dos que aqui
estão participaram e participam da minha jornada; escreveram comigo uma
história; torceram, lamentaram as quedas, estenderam a mão para levantar-me quando
cai, comemoraram as conquistas, foram parte das vitórias.
Quero olhar nos olhos
de cada um aqui e dizer de espírito desarmado, leve qual pluma que vagueia no
ar, brando qual o vento que sobra nas manhãs: obrigado pela amizade, por
fazerem parte da minha vida, por estarem comigo nesta jornada, por terem
construído comigo esta felicidade que aqui compartilho com cada um. Obrigado!
Há, contudo, duas
pessoas a quem devo mais, e aqui presto uma emocionada homenagem a suas
memórias. Tornei-me em grande parte do que sou, graças aos seus ensinamentos, a
educação que me transmitiram; graças ao suor que derramaram trabalhando para dá
dignidade a uma família de três filhos: Eu, minha irmã Lúcia e minha irmã Maria
do Carmo (para a família, a Bibia). Elas estão aqui. Somos três, somos a
continuidade, temos a responsabilidade de unidos não deixar morrer aquilo que
nos foi ensinado para a vida. Padre Zezinho em uma das suas mais belas
composições diz: “Que as crianças
aprendam no colo o sentido da vida”. A citação transporta-me à mãe que
não pode ser vista por vocês agora, mas pode ser sentida aqui pelo filho que
jamais perdeu a sua proteção.
Tenho, também, aqui comigo
e em cada dia quando desperto, um pai vivo e brincalhão; ele não se foi. Trago
comigo a sua alegria, suas reflexões, suas filosofias, suas lições de buscar a
felicidade nas coisas simples, pequenas. É inseparável de mim a imagem do homem
que as dificuldades da vida de um pedreiro jamais o impediu de sorrir, de tornar
a alegria a sua marca e transmitir paz e equilíbrio a sua família. Foi um
amante de suas próprias citações apesar da pouca escolaridade. Aprendemos o seu
código de conduta, seu estilo de comportamento, sua visão da vida e do mundo,
baseados naquilo que ele sempre acreditou e nos ensinou. São inesquecíveis os
seus pensamentos mais repetidos. Vou citar aqui dois deles: “Ser pobre não é ruim; ruim é ser inconformado”;
outro: “O mundo não tem porteiras, mas
precisa ter vaqueiros”.
Hoje, quando converso
com meus filhos, tenho esta inspiração. Faz-me orgulhoso saber que tudo vem
daquilo que aprendi dentro de casa. Como costuma dizer minha irmã Bibia olhando
prá mim e parafraseando Luiz Gonzaga, rei do baião: “Não esqueça que tudo começou com ele”.
Amiga Zilca Patrícia!
“Você que me diz as verdade com frases
abertas” trecho da conhecida composição de Roberto e Erasmo Carlos. Mais
de 20 anos de amizade. Mais de 20 anos, Zilca!!! Não consigo lembrar de nenhuma
passagem decisiva dessa minha jornada que você não tenha estado presente. Ainda
adolescente você foi minha aluna; tornou-se adulta, constituiu sua família. Vi
seus filhos nascerem, crescerem, hoje são três rapazes. Acompanhei de perto sua
luta destemida e árdua na vida acadêmica e hoje vejo a enfermeira Zilca
Patrícia da Trindade Lobo esmerando-se e melhorando profissionalmente a cada
dia; você venceu, amiga!
Confiança ergue-se
tijolo por tijolo como numa construção de uma casa. A arca que você guarda
repleta de retalhos da minha vida, é o reflexo dessa construção de duas décadas.
Tenho orgulho de ser seu amigo. Não apenas de ouvir e dizer palavras bonitas
com o intuito de agradar, mas de ouvir e dizer palavras sinceras com o intuito
de ajudar. Obrigado amiga, solidária, tenaz, de princípios e de valores.
Mas, disse Nelson
Mandela ao lembrar dos amigos que lutaram com ele para vencer a prisão, o
preconceito e descriminação racial na África do Sul: “Estremeço sempre quando penso no que teria acontecido se
estivéssemos completamente sozinhos. Teríamos sobrevivido, mas a tarefa teria
sido muito mais difícil”.
A política no Brasil,
de maneira geral, sempre remete-nos a acontecimentos tristes, lamentáveis,
decepcionantes. O senador Magno Malta disse recentemente na tribuna do Senado
Federal, que o pior de tudo que acontece hoje no Brasil, é a tendência das
pessoas de jogar na mesma vala dos salteadores, os bons administradores
públicos, os comprometidos estadistas, os homens de bem que ainda acreditam que
podem mudar o país e trabalham por sua cidade, por seu estado ou por seu país
com descência e respeito.
Dr. Raimundo, vou
abster-me de falar do político e do administrador que conheço bem em você,
porque sou suspeito, porque participei como um dos seus secretários, durante vários
anos, porque hoje sou um dos seus secretários honrosamente, porque as minhas
palavras teriam, sim, um ingrediente de grande admiração pessoal e perderiam a
isenção.
Tudo começou em 1992,
e de lá para cá já se foram até julho deste ano, 23 anos. Seis eleições
municipais, seis eleições estaduais, doze campanhas eleitorais, uma trejetória
de tantas batalhas, de muitas conquistas, momentos inesquecíveis. Mas, repito,
quero falar do amigo; do político nem eu nem ninguém fala melhor que esse leque
de resultados eleitorais conhecido de todos. Dra. Nívia é sua maior aliada,
amiga e esposa, e a tenacidade da minha amizade tem como alicerce esta união
harmoniosa; foi construída para ambos e só assim tem significado; porque não
concebo um sem o outro.
Eu ganhei, ganhei
muito! Conhecer e conviver com alguém que tem o trabalho como uma missão de
servir é ímpar. Queria eu ter esta disposição de acordar tão cedo, de esquecer
o relógio, de tornar o tempo no melhor aliado, de ter pressa para fazer, de
fazer bem feito. Esses anos todos forjaram em mim um dos seus discípulos; estranho
discípulo, é verdade, que gosta de dormir muito e fazer avançar a noite por uma
parte da manhã, e de seguir devagar. Sou fiel intransigente da máxima de Renato
Texeira e Almir Sater expressa na canção mais bonita da música popular
brasileira, na minha opiniao: “Ando
devagar porque já tive pressa e, levo este sorriso porque já chorei demais”.
Para ser justo,
agradecer é o melhor verbo aqui. Indubitavelmente tenho muito do que me
orgulhar nesta minha trajetória de trabalho, fui parte dessa escalada de
vitórias, e as experiências que me fazem hoje mais maduro se fizeram pelas
oportunidades que me foram dadas, pela confiança em mim depositada, o que me
convence seguramente hoje, que são coisas indivisíveis na minha vida. "Se cheguei até aqui foi porque me apoiei
em ombros de gigantes". Assim disse Isaac Newton, assim digo eu agora.
A minha gratidão em qualquer tempo e em qualquer circunstância, está talhada em
resistentes rochedos, tal que os ventos, as chuvas e o tempo não possam apagar.
Obrigado!
Meus filhos! Eis aqui
a razão maior da minha existência, o meu maior orgulho, o que me torna um homem
seguramente feliz, os meu filhos! Somos amigos, conversamos, compartilhamos as
adversidades, celebramos a vida, usufruímos a oportunidade que temos de
estarmos juntos neste plano espiritual. Para vocês, e somente para vocês,
qualquer coisa de mim interessa, e interessa muito.
Neste pouco mais de
meio século de vida tenho muito para dizer-lhes. Mas se vocês me perguntarem
agora: - Pai, o que o senhor fez nestes anos todos? Minha resposta é simples e
muito curta (vou dizer olhando nos olhos de vocês): Eu amei... Sim, eu amei!!! Aqui
está um homem que nunca se ajoelhou diante da covardia de não tentar. Eis aqui
uma pessoa que nunca representou papéis sociais, que somente no espelho
reconheceu quem devia satisfazer em seus propósitos, que sempre que falou “Eu te amo” esteve cheio desse
sentimento.
Nunca busquei a
felicidade fora de mim, jamais acreditei que pudesse encontrá-la em marcas de
veículos, nos poucos zeros dos extratos do Banco do Brasil, ou em qualquer
outra forma material. “É sempre mais
feliz quem mais amou”, diz a letra da velha canção. Simone Emanuelle,
você costuma dizer que quanto eu amo eu sou intenso. Verdade, minha filha! “Eu não sei amar pouco, ou eu amo muito,
ou eu não amo”, desconheço o autor. Não sou visionário, não vivo de
ilusões, eu apenas não sei fazer nada se não for de corpo, alma e coração. “Eu
nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim; vou ser sempre assim”.
O amor que me move é
o que me faz sorrir e tratar bem as pessoas onde eu trabalho; o amor que me
move é o que me dá paciência para entender os adolescentes na sala de aula; o
amor que me move é o que me faz nunca desistir da vida; o amor que me move é o
que me faz feliz; o amor que me move é o que me faz ser compreensivo, tolerante,
pacato, sereno. O que sinto e o que recebo de vocês, meu filhos, é um tesouro
nosso, que não permitimos que ninguém possa tocar. Obrigado por serem esses
filhos maravilhosos, por sermos amigos e companheiros, por estarmos prontos
para lutar sempre que tem sido necessário. Obrigado por apoiar os meus
projetos, por sonhar comigo os meus sonhos, por respeitarem as minhas decisões.
Ouvi muitos conselhos
do meu pai e da minha mãe. Quero hoje dá alguns para vocês. Sejam intensos,
vivam para amar, entreguem-se às suas paixões, lutem por aquilo que vocês
acreditam. Simone Emanuelle, Christian Emanuel, Lucas Emanuel, ouçam bem: - Errar
não é a pior coisa da vida, a pior coisa da vida é desistir, desanimar e passar
a vida lamentando a coragem que não teve para tentar.
Aconselho com
convicção: - Errem, errem muito.... mas não satisfaçam a vontade de quem quer
que seja, siga o seu coração. Vão chamá-los de irresponsáveis, de
inconsequentes, de aventureiros. Eles gostariam de fazer a mesma coisa, mas tiveram
medo ou venderam as suas felicidades e se tornaram prisioneiros, e não suportam
a luz da liberdade em seus olhos. Não quero, meus filhos, que sejam o que esta
“sociedade” espera que vocês; quero que sejam aquilo que brotar dos seus
corações, que lhes realizem, completem, e os façam felizes. Se o mundo
julgá-los por isso, lembrem-se: - É melhor ser condenado pelo mundo que ser
condenado por suas consciências. Não assassinem seus sonhos, não aceitem a
mordaça.
Ouçam, acima de tudo,
o íntimo, a alma; lá estará “o ouvido que lhe escuta quando a vozes se ocultam”.
Busquem incessantemente dinheiro que sirva para atender suas necessidades;
deixe-o para trás quando apenas servir para satisfazer vaidades.
Mas, há em mim uma
outra imensa satisfação. Enchem meus olhos nesta noite, e quero apresentar a meus
amigos a encantadora Roselma Cardoso, que veio aqui acompanhada da sua mãe. Não
somos recentes, nos conhecemos há alguns anos. Nos reencontramos e lembramos nessa
história o que está escrito no livro de Eclesiastes, capítulo 3, versículo 1 a
8: “Tudo tem o seu tempo determinado,
e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Tempo de chorar, e tempo de
sorrir; tempo de perder e tempo de buscar; tempo de amar, tempo de abraçar,
tempo de paz”. Obrigado, Roselma, por você estar aqui!
Quero agradecer a
todos que contribuíram para tornar possível esta noite; somente com o apoio e o
trabalho de muitos amigos é que foi possível esta realização. Obrigado à professora
e empresária Keila. Nos conhecemos 1.985. Trinta anos, amiga! Obrigado à Pousada
Sete Cidades, que hospeda Soraya Castelo Branco; à Anne Mary, Nevinha, Marse
Trindade, Professora Fernanda Lemos, Jorge Henrique, Zé Francisco, Júlio César,
Wyllyany e a todos que doaram seu trabalho com carinho.
Obrigado pelos
depoimentos que prestaram, pelo carinho e pelo respeito. Obrigado a todos que
vieram, que estão aqui; minhas amigas e ex-secretárias Nívia Escórcio e Ana
Cláudia Avelino; a minha atual secretária Eliane Machado; Amiga Taty e Lara
Alves que vieram de Teresina, quanta honra; Alcides Cardoso, homem do campo,
homem trabalhador; Comadre Ayla, Comadre Gorete; Ana do Nenen do Angical, que
me hospedam no Pé de Serra, na metade do caminho para o nosso Jaboti, Alcides;
enfim, a todos.
Concluo com os belos
versos de Milton Nascimento: “Amigo é
coisa para se guardar no lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a
distância, digam não”
Obrigado!
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